Asco highlights 2020 – oncotoráx


O congresso anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) do ano de 2020 aconteceu virtualmente, de forma inédita, devido a pandemia do COVID 19. A distância não impediu que importantes estudos fossem apresentados em sessões orais ou em pôster. Confira o resumo realizado pelo Dra. Anna Flávia, oncologista da Oncomed, dos cinco principais estudos apresentados na área:

 

Cinco estudos mais relevantes apresentados nas sessões orais de câncer de pulmão merecem destaque.

O estudo ADAURA foi apresentado na sessão plenária, em razão da grandiosidade da sua importância.

Pacientes com neoplasia de pulmão – não pequenas células (CPCNP), estágio IB-IIIA e presença de mutação de EGFR, após ressecção cirúrgica foram randomizados para receber osimertinibe ou placebo por até 3 anos. Os pacientes também poderiam ser submetidos a quimioterapia adjuvante caso fosse um desejo do médico assistente.

O principal objetivo do estudo era mensurar a sobrevida livre de doença (DFS) após adição do Orsimetinibe. Houve uma redução do risco de recidiva de 83% considerando todos os pacientes incluídos no estudo. Esse benefício foi identificado em quase todos os subgrupos analisados. Os dados de sobrevida global (SG) ainda estão imaturos.

Outro estudo importante nesse mesmo cenário, incluiu pacientes com CPCNP e presença de mutação de EGFR, foi a atualização do ADJUVANT-CTONG 1104. Sua apresentação foi realizada pela primeira vez na ASCO /2017 e ,deste então, o estudo vem sendo atualizado anualmente. Pacientes, com estadio II – IIIA ,  após a abordagem cirúrgica foram randomizados para receber tratamento padrão com quimioterapia a base de platina ou gefitinibe.

Já havia sido demonstrado uma melhora significativa de 10,7 meses na sobrevida livre de doença (DFS) em comparação com o grupo controle, atendendo assim ao objetivo primário do estudo. Na ASCO/2020, foram apresentados dados finais de SG, end point secundário, em que houve um ganho numérico na expectativa de vida (75,5 versus 62,8 meses) a favor do uso de Gefitinibe adjuvante mas essa diferença não atingiu significância estatística.

Também foi apresentado análise de subgrupos que evidenciaram que pacientes em uso de Gefitinibe, por pelo menos 18 meses, apresentaram uma sobrevida global melhor do que aqueles que fizeram o uso por um tempo menor  indicando que o tratamento mais longo seria uma melhor estratégia. Foram divulgados dados em que os pacientes, cuja doença progrediu após a terapia adjuvante, sobreviveram por mais tempo se recebessem um EGFR-TKI como terapia subsequente, um achado verdadeiro tanto para os braços de gefitinibe quanto para quimioterapia.

ADJUVANT-CTONG 1104 representa um estudo importante já que é o primeiro estudo de fase III a relatar achados maduros de SG para um EGFR-TKI no cenário adjuvante em pacientes com NSCLC positivo apresentam mutações ativadoras de EGFR.

A imunoterapia também foi um tema importante tanto em paciente com neoplasia de pulmão pequenas células (CPCNP) quanto em paciente não pequenas células (SCLC).

Em paciente CPCNP, foi apresentado a primeira parte do estudo fase III – CheckMate 227. Nesse estudo foi incluído paciente com doença “de novo” metastática ou recidivadas sem presença de mutações de EGFR ou alterações em ALK. Também foi permitido metástase no SNC desde de que estas estivessem controladas.

Na primeira parte do estudo, os pacientes com expressão de PDL maior ou igual a 1, seriam comparados três braços quanto ao uso de Nivolumabe associado a Ipilimumabe ou Nivolumabe isolado ou quimioterapia. Os dados apresentados são da comparação de uso de Nivolumabe associado a Ipilimumabe e a quimioterapia nesse perfil de pacientes.

Houve um ganho de SG, em 3 anos, de 17,1 meses X 14.9 meses com uma redução do risco de morte em 21%. Não houve uma toxicidade importante relacionada ao tratamento experimental e quando ela ocorria estava mais presente nos seis primeiros meses de exposição ao tratamento da imunoterapia.

Na segunda parte do estudo, os pacientes com expressão de PDL 1 negativo, seriam comparados em  três braços quanto ao uso de Nivolumabe associado a  Ipilimumabe ou Nivolumabeassociada a quimioterapia ou quimioterapia isolada. Os dados apresentados de sobrevida global em 3 anos são da comparação dos três grupos comparados evidenciam são de 17.2 meses X 15.2 meses X 12.2 meses respectivamente.

Como conclusão do estudo, o autor considera como opção o uso de Nivolumabe associado a Ipilimumabe como primeira linha de tratamento para CPCNP e questiona se essa mesma associação também não havia se tornado uma opção para paciente sem expressão de PDL-1.

Já no cenário de SCLC, o estudo CASPIAN – fase III – foi apresentado na sessão plenária em 2019 do Congresso Mundial de Câncer de Pulmão (WCLC) e atualizado na ASCO/2020.

Nesse estudo, foram incluídos pacientes – doença extensa – em primeira linha de tratamento sendo permitido metástase no SNC, desde de que elas estivessem assintomáticas ou previamente tratadas. Foi comparado o braço controle de quimioterapia isolada (etoposideo + platina) ao durvalumabe associada a quimioterapia ou Durvalumabe associada a tremelimumabe e quimioterapia seguido com terapia de manutenção com durvalumabe naqueles que haviam recebidos imunoterapia no tratamento.

Foi apresentado os dados de SG quando comparado Durvalumabe associado a tremelimumabe e quimioterapia versus quimioterapia. Não houve um benefício da associação em relação ao braço controle. Os dados de SG, anteriormente apresentados na WCLC , foram atualizado mantendo ganho de SG a favor da associação de Durvalumabe a quimioterapia (12.9 meses versus 10.5 meses). A sobrevida livre de progressão (SLP) evidenciou que 11% dos pacientes estavam vivos em 2 anos no braço da combinação de durvalumabe e quimioterapia quando comparado a 2.9% do braço controle de quimioterapia isolada.

No cenário da RT, estudo Escandinavo, fase II ,selecionou pacientes com neoplasia de pulmão pequenas células – doença limitada para receberem o esquema de quimioterapia padrão com Cisplatina e Etoposídeo concomitante a dois esquemas de radioterapia. No primeiro, foi realizado o esquema padrão de hipofracionamento, 45 GY em 30 frações de 1,5 Gy por 2 vezes ao dia. O braço experimental foi realizado um escalonamento de dose para 60 GY em 20 frações de 1,5 Gy por 2 vezes ao dia.

Um maior número de pacientes no braço de experimental estavam vivos após 2 anos (73% X 46%) de tratamento e com uma SG também significativamente mais longa (42 meses X 23 meses).

Em relação a toxicidade, não houveram diferenças significativas na esofagite ou pneumonite grau 3-4. Porém, três pacientes morreram durante o período de tratamento do estudo sendo 02 no grupo experimental de 60 Gy, sendo a causa do óbito infecção após neutropenia e outra dissecção aórtica. Já no grupo controle de 45 Gy, o óbito relatado foi devido a um sangramento em paciente trombocitopênico.

Texto: Dra Anna Flávia

Revisão: Dr Ellias Lima e Dr. Israel Gonçalves

 



Tratamento do câncer deve ser priorizado mesmo na pandemia

Confira matéria do jornal O Tempo, publicado nesta sexta, dia 19 de junho. Nela, a nossa paciente Tatiana Camisassa Bhering conta como a busca por […]

Leia mais
RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS