Asco Highlights 2020 – oncoginecologia


A Dra. Vanessa Oliveira, oncologista da Oncomed, preparou um resumo sobre os principais estudos apresentados no Asco 2020. Confira:

O Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), este ano em formato virtual, trouxe vários trabalhos importantes, na área de oncoginecologia. Gostaria de destacar, dentre eles, os dois estudos que considerei mais relevantes, em câncer de ovário e, um terceiro, muito interessante, em neoplasia trofoblástica gestacional.

A atualização do estudo AGO DESKTOP III/ENGOT-ov20 (Abstract 6000) reacendeu a discussão da citorredução secundária, em pacientes com câncer de ovário recidivado, sensível a platina. Este estudo de fase III randomizou pacientes que preenchiam os critérios AGO (PS ECOG:0, ascite ausente ou inferior a 500 ml e ressecção completa na abordagem inicial) para tratamento sistêmico a base de platina, ou para cirurgia citorredutora, seguido de quimioterapia. O desfecho primário do estudo foi sobrevida global e foi demonstrando um ganho de 7,7 meses (53,7 meses x 46 meses HR: 0.75, IC: 0.58-0.96, p=0,02) a favor a cirurgia. Importante ressaltar que, a análise dos dados, mostrou que esse benefício só existiu para as pacientes com ressecção completa e que o grupo que foi operado, mas, sem ressecção R0, teve o pior desfecho (mediana de 28,8 meses). Portanto, este ó o primeiro estudo a evidenciar impacto em sobrevida global com a citorredução secundária, mas reforça a necessidade da seleção adequada dos pacientes.

Também em ovário, foram apresentados os dados de sobrevida global do estudo SOLO2/ENGOT-ov21 (Abstract 6002). Neste trabalho, pacientes com doença recidivada, sensível a platina e com mutação germinativa no gene BRCA foram randomizadas, após terapia sistêmica baseada em platina, para Olaparibe de manutenção versus placebo, até progressão ou toxicidade limitante. Os resultados atuais, com seguimento de 65 meses, mostram aumento de sobrevida global de 12,9 meses a favor da droga, em comparação com o grupo placebo (mediana de sobrevida de 51,7 meses x 38,8 meses, HR: 0,74). Tal ganho ocorreu, mesmo tendo havido uso posterior da droga, por 38% das pacientes no braço placebo v.s. 10% no grupo do Olaparibe. Apesar do perfil de toxicidade semelhante ao observado nos estudos prévios, se observou uma maior incidência de síndrome mielodisplásica/LMA com a medicação (8% contra 4% no grupo placebo). Mesmo com estes novos dados de segurança, que devem ser considerados, o estudo SOLO 2 consolida o benefício expressivo do Olaparibe na manutenção destas pacientes, principalmente, nas com mutação do BRCA.

Uma novidade, foi o estudo TROPHIMMUN (Abstract LBA6008), em neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). O estudo avaliou o uso do anticorpo anti PDL1 – Avelumab para o tratamento de pacientes com NTG resistente a tratamento prévio. Houveram 2 grupos: coorte A, com 15 pacientes – resistentes a monoterapia com methotrexate ou actinomicina-D (apresentado neste Congresso) e coorte B, resistentes a poliquimioterapia. O Objetivo do estudo foi a normalização do bHCG. Após 27 meses de seguimento, e com uma média de 9 infusões, 8 destas 15 pacientes (53%) mantinham normalização do hCG. Houve o relato, inclusive, de uma gestação de sucesso, pós tratamento. O estudo, apesar de pequeno, traz dados promissores ao mostrar a imunoterapia como uma droga ativa e com um bom perfil de tolerância. Dados interessantes em uma doença rara, cujo tratamento tem altas taxas de cura mas, que as vezes requer, em um cenário de resistência, poliquimioterapia.

 



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