Asco highlights 2020 – câncer urológico


O Dr. Alexandre Fonseca, oncologista da Oncomed, faz um resumo dos principais estudos apresentados na Asco 2020 na área urológica. Confira:

Principais estudos da Asco 2020 em câncer urológico

A ASCO 2020, pela primeira vez em formato virtual, trouxe alguns estudos bastantes interessantes no âmbito da uro-oncologia.

O estudo JAVELIN BLADDER 100 foi o que possivelmente trouxe maior impacto, sendo apresentado inclusive em sessão plenária. É um estudo fase III, multicêntrico, em que pacientes com câncer urotelial avançado eram randomizados para receber ou não imunoterapia de manutenção com avelumab (um anti PDL-1) após quimioterapia de primeira linha baseada em platina. Os pacientes que apresentaram progressão durante a quimioterapia eram excluídos. Dentre os pacientes do braço experimental (avelumab), 70% apresentavam tumores uroteliais baixos (particularmente bexiga) e 30% tumores uroteliais altos (pelve renal e ureter). Com um tempo de seguimento mediano de aproximadamente 19 meses, a análise interina do estudo atingiu o seu objetivo primário (sobrevida global). Pacientes que receberam avelumab obtiveram uma sobrevida mediana de  21.4 meses, em comparação com 14.3 meses para o braço que não recebeu, com uma redução do risco relativo de morte de 31% (HR:0.69, CI: 0.56-0.86, p<0.001). Além da população geral do estudo, o benefício foi ainda mais significativo para os pacientes PDL-1 positivos (HR: 0.56 CI: 0.40-0.79 p<0.001). A sobrevida livre de progressão, desfecho secundário do estudo, também favoreceu o braço de  intervenção: 5,7 meses X 2,1 meses (HR: 0.56 CI:0.43-0.73, p<0.001). Os efeitos adversos do avelumab foram os já esperados e descritos para imunoterapia exclusiva com um agente anti PDL-1.  Desta forma, a manutenção com avelumab representa um real avanço na abordagem dos pacientes com câncer urotelial avançado após quimioterapia com platina. Aguarda-se a aprovação e incorporação pelas agências regulatórias em nosso meio.

No âmbito do câncer de próstata, vários estudos foram importantes.  Um estudo fase II avaliou a atividade antitumoral de uma molécula de PSMA conjugada com um radionuclídeo (Lutécio 177) em pacientes com câncer de próstata resistente à castração pós-docetaxel. Um braço recebeu o 177Lu PSMA e outro cabazitaxel, sendo que o primeiro braço (experimental) apresentou melhoras taxas de queda do PSA sérico. Trata-se de um estudo preliminar, entretanto importante, já que demonstra atividade de uma nova classe terapêutica e com um mecanismo de ação diferente (radiofármaco) na doença.

Ainda em câncer de próstata, o estudo fase III HERO comparou, como estratégia de deprivação hormonal em pacientes com doença avançada, um antagonista oral do receptor GnRh  (Relugolix) com acetato de leuprolida.  A medicação oral,  considerada novidade entre os agentes até então disponíveis, não só mostrou não-inferioridade,  mas também superioridade na supressão da testosterona. Essa supressão também se deu mais rapidamente e sem o efeito “flare” da leuprolida. Na ocasião de suspensão da deprivação androgênica,  os pacientes que estavam em uso de Relugolix também recuperaram os níveis de testosterona mais rapidamente. Por último, a droga experimental proporcionou  uma redução de eventos cardiovasculares maiores nos pacientes, particularmente naqueles com risco mais elevado para tal. Apesar de ainda não disponível em nosso país, é uma medicação promissora futuramente.

Outros estudos também abordaram estratégias diferentes de manipulação hormonal com novos antiandrogênicos, tanto na neoadjuvância quanto na doença avançada, nesta, inclusive, com braços sem utilização de deprivação androgênica (com apalutamida ou apalutamida associada a abiraterona).  São estudos preliminares mas que contribuíram com dados e conceitos nessas áreas específicas.

No âmbito do câncer renal foi apresentado um estudo fase II com uma droga chamada MK6482,  específica para pacientes com síndrome de Von Hippel- Lindau, uma síndrome hereditária relacionada ao carcinoma de células renais. A medicação mostrou um bom controle da doença, com taxa de resposta de 27.9% e doença estável em 70.5% dos pacientes. De forma interessante, a droga também mostrou atividade em outros tumores sincrônicos (outras histologias) concomitantes relacionados ao espectro da doença de Von Hippel-Lindau.



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