Artigo Científico – Dra. Vanessa Almeida de Oliveira


A importância do rastreamento do HPV para prevenção do Câncer de Colo do Útero, o terceiro câncer que mais mata no Brasil

Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum, entre as mulheres. No Brasil, ele ocupa o terceiro lugar em incidência e causa de mortalidade por câncer feminino. Para o ano de 2018, foram estimados 16.370 casos novos, com um risco estimado de 17,11 casos a cada 100 mil mulheres . As taxas de incidência estimada e de mortalidade no Brasil apresentam valores intermediários em relação aos países em desenvolvimento, porém são muito superiores aos de países desenvolvidos. A situação no Brasil é ainda mais preocupante quando analisados os dados da Região Norte (25,62/100 mil), Nordeste (20,47/100 mil) e Centro-Oeste (18,32/100 mil), locais em que o aumento é significativo.

A doença surge a partir da proliferação desordenada das células do colo do útero. A infecção pelo vírus Papiloma Vírus Humano, conhecido por HPV, é o principal fator de risco para o surgimento da doença. O tabagismo e iniciação sexual precoce e, ou, múltiplos parceiros também são associados a um maior risco para o aparecimento desta neoplasia.

O câncer de colo de útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode cursar sem sintomas em sua fase inicial. Se não tratado precocemente, pode evoluir para quadros de sangramento e secreção vaginal, dor abdominal, e até sintomas urinários ou intestinais, nos casos mais avançados.

Prevenção

A prevenção primária do câncer do colo do útero é feita com medidas para reduzir o risco de contágio pelo Papilomavírus Humano (HPV). A transmissão deste vírus ocorre por via sexual. A prática de sexo seguro, como o uso de preservativos durante a relação sexual é uma forma de se proteger desta infecção.

Outra forma de prevenção é a vacinação contra o vírus

O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014, a vacina tetravalente contra o HPV . A partir de 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Essa vacina protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Entretanto, a cobertura vacinal adequada da população brasileira, ainda se mantém muito reduzida. Para uma proteção eficaz é necessário receber duas doses da vacina. Em 2017, somente 41,8% das meninas elegíveis à vacinação tomaram a segunda dose e este número foi ainda menor nos meninos, chegando somente a 13%.

Outra ação efetiva é a realização do exame preventivo , conhecido com Papanicolau. Este exame permite a detecção e tratamento das lesões precursoras da doença em estágios iniciais, antes mesmo do aparecimento dos sintomas. Deve ser feito em toda mulher que tem ou já teve atividade sexual, especialmente entre 25 e 64 anos.

A vacinação e a realização do exame preventivo se complementam como ações preventivas desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade recomendadas (a partir dos 25 anos), deverão fazer o exame preventivo periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos.



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